quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Da pedra ao Papel


A evolução da escrita


O homem lança seus primeiros registros...

Desde a pré-história, o homem sente necessidade de expressar seus pensamentos, bem como busca uma maneira de registrar seus conhecimentos de forma duradoura.

Nossos antepassados do período paleolítico deixaram registrados nas paredes rochosas das cavernas ou dos penhascos pinturas e desenhos de seres humanos e animais como o bisão, o mamute e o cavalo selvagem. Esses primeiros registros lineares introduziram no mundo o primeiro passo para a escrita.

O homem utilizou diversos materiais como suporte para registrar seus conhecimentos. Os antigos grupos humanos, acostumados ao emprego de pictogravuras, compreenderam a vantagem de associar símbolos a objetos ou idéias. Assim, esses desenhos tornaram-se, aos poucos, ideogramas e estes por sua vez, escrita fonética.

A escrita mais antiga de que se tem conhecimento é a cuneiforme, derivada da palavra “cuneu” e proveniente da Mesopotâmia. Para escrever, utilizavam-se placas de argila ainda moles, e, com um estilete, faziam-se marcas em forma de cunha. Após concluir a escrita, a placa era cozida até ficar tão dura como um tijolo.

E busca inspiração na natureza...

Os egípcios e todo o antigo mundo mediterrâneo usaram o papiro como suporte para a escrita durante uns cinqüenta séculos. Os mestres do ensino, os escribas, utilizavam-se largamente desse material, obtido a partir da planta “Cyperus papyrus”, que proliferava nas margens do rio Nilo.

A fragilidade do papiro e a proibição de sua exportação provocaram a descoberta de outros materiais. Não tardou para que surgisse o pergaminho, que começou a ser usado 500 anos antes de Cristo. Era fabricado a partir de peles de diversos animais, principalmente carneiros, bezerros e cabras.

O aparecimento do pergaminho trouxe um avanço significativo: as folhas podiam ser dobradas e costuradas, formando um códex, ancestral dos livros atuais e constituído de folhas sobrepostas e unidas umas às outras. Até hoje é considerado um material resistente, sendo, inclusive, utilizado em documentos oficiais.

Por meio de diversos suportes...

Antes do aparecimento do papel, os materiais têxteis também serviram a diversos povos. Os chineses usavam a seda; os egípcios e os antigos romanos, o linho. Os romanos também usaram placas de madeira ou marfim revestidas com uma camada de cera enegrecida. Com um instrumento de extremidade aguda, riscavam-se as letras fazendo-se marcas na cera. Algumas vezes, juntavam-se duas, três ou mais dessas placas para se fazer os protótipos das páginas dos livros.

Talvez o mais estranho de todos os materiais de escrita sejam as tiras de folhas de palmeira usadas em algumas partes da Índia, Birmânia e Sião. Nelas, a escrita também era feita com instrumento pontiagudo. As tiras eram ligadas por corda e formavam um leque.

As particularidades de cada material utilizado como suporte da escrita influenciaram profundamente na forma dos caracteres das letras: a maneira brusca de abrir a escrita cuneiforme na argila mole; as pinceladas largas e de gracioso sombreado dos antigos calígrafos egípcios e dos chineses e japoneses de hoje; o movimento fácil, fluente e corrente da pena na superfície macia do pergaminho ou do papel

E crava as primeiras letras...

Desde o início, os sistemas de escrita tendiam a se tornar fonéticos. Para a escrita ser verdadeiramente útil à humanidade era necessário que os sistemas complicados dos fonogramas se simplificassem. Por meio de um processo lento de evolução da antiga arte de escrever, surgem caracteres gravados que constituem o que chamamos hoje de alfabeto.

O alfabeto, tal como o conhecemos, veio da Grécia Antiga, onde foi levado pelos fenícios, que faziam exploração mercantil na região mediterrânea. Inicialmente as formas das letras modificavam-se de lugar para lugar e de tempos em tempos, até que a invenção da imprensa as fixou nas formas atuais.

A mais antiga inscrição fenícia conhecida mostra o alfabeto num estado já bem desenvolvido, o que dá a impressão de que já era usado há muito tempo.

O alfabeto fenício, quando foi introduzido na Grécia, era quase puramente consonântico. Os gregos acrescentaram caracteres, fazendo figurar sons e sinais vocálicos combinados aos pares, para formar os ditongos. O alfabeto grego introduzido na Itália se tornou o precursor do que utilizamos atualmente.

E faz do papel uma invenção única...

Os livros mais antigos eram impressos em pergaminho, mas foi o papel que deu impulso à tipografia. O papel como substituto do pergaminho começou a ser usado na Europa cerca de três séculos antes de se fundirem os primeiros tipos de metal.

A primeira referência sobre a sua fabricação data do ano 105 da era cristã: o funcionário imperial T'sai Lun apresentou a novidade ao imperador chinês Ho Ti.

Os chineses guardaram em segredo o processo de fabricação do papel, só revelando-o forçadamente aos conquistadores mongóis no século VIII. Esses conquistadores transmitiram o conhecimento aos persas, que, por sua vez, o repassaram aos árabes e, esses, aos espanhóis.

Ao ser introduzido na Europa por volta do séc. XII, encontrou diversos obstáculos: a demanda era baixa, pois o pergaminho produzido era satisfatório; a educação estava atrasada, poucos sabiam ler e devido a sua origem muçulmana, não teve a simpatia da Igreja. Somente com o aparecimento da imprensa no séc. XV, começou a ser utilizado em larga escala.

A história que então se inicia não é mais apenas a da escrita, mas a da tipografia.

Escreve livros de próprio punho...

Muitos livros foram laboriosamente copiados por escribas, os quais conservaram o que possuímos da história e da literatura da antiguidade.

Durante a chamada “idade das trevas”, os homens que preferiam a vida tranqüila do estudo refugiaram-se na Igreja e dedicaram-se à feitura de livros. Os conventos e outros lugares eclesiásticos chamaram a si a tarefa de fazer cópias de livros para enriquecimento das suas bibliotecas e para uso da comunidade. Os métodos dos escribas monásticos diferiam segundo a época e o lugar; mas, em geral, eram centralizados no scriptorium ou “escritório” do mosteiro.

Os textos primitivos eram simples, mas, quando a procura pelos livros aumentou, foi utilizada uma técnica para torná-los mais atraentes: a iluminura. No século XII, manuscritos inteiros eram caligrafados com ouro ou prata aplicados em folha brunida. As letras iniciais de novas frases eram maiores e floreadas, as margens eram decoradas com desenhos, e a primeira página do texto era também enriquecida com cercaduras floridas e coloridas.

Os manuscritos, assim como grande parte dos livros impressos no séc. XV, não faziam qualquer indicação sobre autor, produção, lugar ou data de edição.

Da China, surge os livros xilografados....

A invenção chinesa de tipos separados antecedeu as experiências de Gutenberg em mais de quatrocentos anos. O inventor foi Pi Shêng por volta do ano 1040 da era cristã. Os tipos eram feitos inicialmente de argila cozida, passando à madeira e por fim, ao bronze. Contudo, esses tipos móveis chineses ficaram restritos à impressão tabulária.

Nos livros de impressão tabulária, o impressor aplicava as folhas de papel sobre uma matriz de madeira entintada e encavada com imagens, textos ou ambos, obtendo assim, um grande número de cópias. Caso fosse necessária a correção do texto era preciso confeccionar nova matriz.

As primeiras xilogravuras aparecem num livro impresso em Roma, no ano de 1467. O objetivo era popularizar as histórias ou ensinamentos da Bíblia de maneira artística para que as pessoas que não soubessem ler tivessem acesso à doutrina cristã.

Até a chegada de Gutenberg

Embora no oriente se tivesse feito muita coisa no campo da impressão tabulária e da impressão com caracteres móveis, as invenções chinesas não tiveram qualquer influência na criação de tipos móveis na Europa, onde a descoberta da imprensa tipográfica abriu uma nova era na história intelectual da humanidade.

A verdadeira essência da invenção européia na tipografia surgiu em meados do séc. XV, época de transição e confusão. O método europeu de impressão consistiu em utilizar tipos móveis de metais, fundidos em matrizes, em quantidades desejadas e por um preço razoável.

O mérito da descoberta da tipografia é atribuído a Johann Gutenberg por volta do ano de 1450, mas é provável que ele já a tivesse descoberto antes do ano de 1448. A obra “A Bíblia de Gutenberg” é considerada o primeiro volume impresso da Europa.

A introdução da tipografia no Brasil foi tardia, devido ao temor das autoridades portuguesas sobre os efeitos políticos de tal inovação técnica. Somente com a chegada da família real é que a tipografia se radicou de vez no Brasil, com a Impressão Régia na cidade do Rio de Janeiro, conforme o diploma de 13 de maio de 1808, assinado pelo príncipe regente.

Fonte:http://www.fespsp.org.br/dapedraaopapel/historia.html

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